terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Opinião de Maria Juça sobre prédio da Eletrobras


É preciso uma discussão à luz da realidade
Maria Juçá – Administradora do Circo Voador


Opinar sobre a luz da paixão e do entusiasmo, sem ver o projeto é, de certa forma, complicado. Não posso também partir da velha premissa do “não vi e não gostei”. A Eletrobrás é uma empresa séria, que em nenhuma hipótese teria a intenção de descaracterizar uma parte tão nobre da cidade. Acredito que eles estejam pensando num projeto moderno que vá se harmonizar com o conjunto arquitetônico que temos aqui, sem provocar qualquer tipo de agressão à arquitetura da Lapa. Não podemos ser uma oposição sistemática ao novo com argumentos que não se justificam. Por outro lado, temos que levar em consideração que a Lapa é um bairro problemático, que apresenta desmandos de todas as ordens. Se a iniciativa privada chega com a intenção de somar, de mudar essa realidade caótica, de transformar tudo isso que vivemos hoje em um lugar melhor para se viver e trabalhar, não podemos deixar de apoiar a iniciativa. Não podemos criar mecanismos para que a iniciativa privada se encolha, desista e acabe não fazendo. O poder público, por uma série de razões, não faz ou tem dificuldades em fazer porque sabe que realizar demanda muita vontade, muito desempenho e, quando alguém se propõe a fazer uma benfeitoria, não pode ser impedido. Não quero aqui fazer uma crítica à figura do prefeito ou do governador, que são pessoas simbólicas, pois eles fazem parte de um todo, de uma estrutura montada. Precisamos discutir os vários projetos e processos da cidade à luz da realidade e não à luz da burocracia. Se o poder público tivesse mecanismos de investimento, tudo bem, mas como não tem, é preciso que não cerceie as pessoas da iniciativa privada que querem fazer. Uma administração em pleno século XXI tem que ser pragmática e ter bom senso. Não podemos ficar presos a uma lei de 1930 que proibia que algo fosse feito de uma determinada maneira. Precisamos despertar, pois estamos em 2010, a sociedade se movimentou e o mundo gira mais rápido, se digitalizou, se comunica em tempo real. Ninguém aguenta mais trabalhar sob pressão nem bancar o custo altíssimo de nossos encargos. Tudo é cobrado milimetricamente e não conseguem medir o esforço e a dedicação que as pessoas fazem. Não medem o investimento dessa forma. O investimento é lento, é burocrático.

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