segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Vereadores podem transformar a

Lapa no Mais novo bairro da cidade

Esta nas mãos dos vereadores a decisão de transformar ou não a Lapa no mais novo bairro da cidade. O projeto de Lei 951/2011, datado de 26 de abril de 2011 que propõe essa transformação pertence aos vereadores Dr. Jairinho em co-autoria com seu colega Marcelo Arar que trocou o PSDB pelo PT.

O que representa a Lapa se transformar num bairro? - Que benefícios isso traria? Para responder essas perguntas que, seguramente, vão começar a atormentar os moradores, comerciantes, empresários, artistas, produtores culturais e mesmo outros segmentos da sociedade, O Jornal Capital Cultural conversou com os dois vereadores. Para saber o que pretendem com a idéia.

Atenciosos os dois falaram exatamente o que pretendem
com o Projeto. Em comum, o fato de acharem que a Lapa por suas características, culturais, turísticas e residenciais merece um tratamento próprio e diferenciado. Acham que a área merece mais carinho pela importância que adquiriu e pelo que passou a representar para a cidade.


Transformar a Lapa em um bairro significa possibilitar uma melhor qualidade de vida aos que moram na Lapa e vivem a Lapa.

Dr. Jairinho autor do Projeto que propõe transformar a Lapa em um bairro


A Lapa por ser uma área do Rio reconhecida internacionalmente merece um pouco mais de atenção, de manutenção e por isso merece ser transformada em um bairro.

Marcelo Arar - có-autor do Projeto




Capital Cultural – Vereador, o que o Sr. Deseja e o que representa exatamen

te transformar a Lapa num bairro?

Dr. Jairinho - Temos ciência e consciência de que a Lapa com o decorrer dos anos se transformou num centro de referência da cidade. É a volta do carioca às ruas, às calçadas, o que é uma coisa tipicamente carioca. Não vamos nem falar de boemia, pois a grande maioria das pessoas que frequentam a Lapa são aquelas pessoas que saem para curtir um happy hour e vão para a Lapa curtir aquele espaço. Transformar a Lapa em um bairro significa possibilitar uma melhor qualidade de vida aos que moram e vivem a Lapa.

Marcelo Arar - Na realidade, em minha opinião a Lapa por ser uma área do Rio reconhecida internacionalmente merece um pouco mais de atenção, de manutenção e por isso merece ser transformada em um bairro. Parte da história do Rio de Janeiro e do Brasil se passou na Lapa, temos ali um dos principais monumentos arquitetônicos não só para o país, mas reconhecido internacionalmente construído em 1792, e acho que a Lapa está um pouco abandonada em relação à segurança e organização, levando-se em conta que é um ponto turístico. Vemos a ação de pivetes cometendo delito, há para quem chega uma imagem que não é das melhores e este abandono nos Arcos acabou proporcionando uma tragédia, uma vez que há alguns meses um turista francês caiu do bondinho e acabou perdendo a vida. Tivemos também o trágico acidente com o bondinho de Santa Teresa e aí temos que discutir esta questão, pois os Arcos representam uma extensão da Lapa e Santa Teresa é quase que uma continuidade da Lapa e vice versa. O que penso é que a Lapa merece e precisa de uma administração regional localizada que cuide de toda aquela área e por isso, acho que a Lapa precisa se transformar um bairro. Acredito que a proposta é muito interessante principalmente para os moradores, pois se analisarmos bem, a Lapa é uma grande grife e esta transformação acabará organizando o imóvel do morador e toda a área. Hoje este morador tem em seu endereço a denominação do bairro como: Centro e este todo mundo liga a um lugar comercial e não a um lugar tão específico turisticamente e culturalmente como a Lapa. Esta precisa ser um bairro, pois é um dos principias endereços da cidade. O objetivo é valorizar o patrimônio em todos os sentidos.


Capital Cultural – Mas apesar desta valorização que vem se dando ao turismo, a Lapa é antes de tudo residencial e cultural. Como equacionar esta relação da invasão de pessoas com os moradores

Dr Jairinho - Acredito que os moradores sempre tiveram o desejo de receber suas correspondência e ter o orgulho de dizerem que moram efetivamente na Lapa. Porque observe o seguinte toda cidade e todas as pessoas que visitam a cidade imaginam que a Lapa seja um bairro e a Lapa não é um bairro. A Lapa é um local meio sem identidade, as pessoas não sabem se moram em Santa Teresa, no bairro de Fátima, na Praça Tiradentes, ou na Cinelândia ela é um prosseguimento, um prolongamento de todas essas áreas. Acho que criar o bairro da Lapa é um ganho cultural muito grande para o Município e um avanço significativo para identidade cultural daquela área e, consequentemente para os moradores.

Marcelo Arar – Os problemas existem e o que precisamos é buscarmos soluções para estes problemas e tentar resolvê-los. Penso que é perfeitamente viável criarmos mecanismos para termos num mesmo espaço esta explosão turística, aliada à força da cultura e ao desejo dos moradores. Não podemos complicar o objetivo é facilitar e tentarmos criar uma Lapa que seja melhor para todos.


Capital Cultural – De que forma todas as partes e segmentos que vivem a Lapa se beneficiariam com a criação de um bairro?

Dr. Jairinho – Acredito que com aquela área se transformando em um bairro, os problemas existentes se tornam de mais fácil resolução. Os moradores por conta de ser um bairro cultural podem ganhar benefícios em isenções de impostos e alguns benefícios fiscais. A criação de bairro possibilita uma identidade daquela área, o que hoje não acontece. Queremos que a Lapa tenha uma região administrativa e que os moradores possam fazer respeitar suas reivindicações. O bairro passaria a ser tratado pelo Poder Executivo de forma particular. Vou dar um exemplo: se você quiser fazer um plano de estruturação urbana de Santa Teresa, o bairro tem uma delimitação. Com um Plano de Estruturação Urbana você tem estruturas viárias, estrutura em gabaritos, em tombamentos. Se observar a Lapa, aquela área tem toda uma característica que é completamente diferente dos locais que estão em seu entorno, e se você quiser tratar o bairro da Lapa de uma forma mais particular, você não teria como fazer isso, pois ela faz parte do Grande Centro.

Marcelo Arar – A principal vantagem é que sendo transformada num bairro a Lapa passará a ter identidade própria. Isso possibilitaria que os problemas fossem discutidos de forma particular e tivesse uma maior atenção do poder público e dos meio de comunicação. A grande e principal vantagem seria a visibilidade.



Capital Cultural – O que temos hoje na Lapa são moradores, que embora apoiando muitas das medidas do prefeito Eduardo Paes, são contrários a outras iniciativas. Queixam-se, por exemplo, de alguns proprietários de bares que de forma abusiva colocam mesas e cadeiras nas calçadas, algumas casas com música ao vivo não fazem tratamento de som, e o fechamento das ruas Mem de Sá e Riachuelo às sextas e sábados até as cinco da manhã, que criou um quadro de desordem, barulho excessivo, consumo de drogas, prostituição e constantes assaltos - Na percepção de vocês, como equacionar estas questões?

Dr. Jairinho – Esta questão não pode ser objeto de discussão, quem tem que ser ouvido, quem precisa ser ouvido são as pessoas que moram na Lapa. A criação de um bairro facilita tudo isso, pois faz com que as diversas secretarias tenham outro olhar e outra postura. Se você cria um bairro isso possibilita regulamentar a postura e a ambiência. O tratamento que este bairro deve ter são os moradores que decidem. Tenho um projeto que trata exatamente disso que é a regulamentação de cadeiras e mesas nas calçadas. É preciso criar regras para esta relação. Penso que tudo isso se conversado, pode ser resolvido sem maiores traumas. Concordo com os moradores no sentido de que as madrugadas não podem e nem devem ser invadidas, que o som perturbe o sono e não os deixe dormir, mas penso que os comerciantes vivem da presença do público. Vivem de um público que vai à Lapa exatamente num horário que incomoda os moradores. É preciso encontrar um meio termo, um meio do caminho. É preciso diálogo. Os donos de estabelecimentos precisam faturar, mas precisam também investir. Por que não criar isolamento de som?

Marcelo Arar – Outra razão pela qual a Lapa precisa se transformar num bairro é exatamente em decorrência das queixas dos moradores e desta zona conflituosa que se criou. Se um bairro, o Poder Público poderá atuar de forma mais intensa. A partir do momento que é um bairro será obrigatório a instalação de uma administração regional. Sei que existem lugares na Lapa que acontecem eventos ao ar livre perturbando a ordem e a paz de todos, o que acho um absurdo para com o morador. Por outro lado temos que levar em conta que é um dos principais pontos turísticos da cidade e em razão disso, tem que haver um equilíbrio. Não se pode fazer uma roda de samba embaixo de um prédio. Um bar que não tem tratamento de som não pode ficar tocando pagode ou musica funk até às 5 horas da manhã. Quando pensamos este projeto pensamos as virtudes e os problemas da Lapa e, estamos abertos a discutirmos todas estas questões. Nosso objetivo é representarmos os moradores e estarmos ao lado dos moradores. Não podemos nos esquecer ou de alguma forma prejudicarmos espaços nobres que colaboraram para a reinvenção desta Lapa que surgiu nos últimos anos. Quando pensamos a Lapa, não podemos deixar de falar no Circo Voador, Fundição Progresso, Carioca da Gema e o Rio Scenarium. Essas e outras casas transformaram a Lapa num pólo turístico e cultural muito importante. O objetivo de um parlamentar é sempre somar na vida da população, mas se percebermos que não estamos somando, podemos mudar o rumo da história.



Capital Cultural – Qual sua relação com a Lapa?

Dr. Jairinho – Confesso que sou um admirador da Lapa de toda sua potencialidade e possibilidades, mas frequento pouco o bairro. Apesar disso, enquanto parlamentar e enquanto cidadão carioca, tenho a consciência que a Lapa é um dos pontos mais importantes de referência cultural e turística para a cidade. Não podemos negar a importância da Lapa e, consequentemente, os problemas que enfrenta e em razão disso, temos que olhar para toda aquela área de maneira muito carinhosa e particular.

Marcelo Arar – Minha relação com a Lapa é parecida com a maioria dos cariocas que tem paixão pela cidade e por seus principais patrimônios. Amamos Copacabana, o Cristo, o Maracanã, a Lagoa e consequentemente a Lapa. Um carioca que não tem amor e que não curte a Lapa não é um carioca de verdade, da Gema. Minha relação com a Lapa vem do final da década de 90, quando eu e Adriana Milagres, uma conceituada produtora começamos a fazer eventos na Fundição Progresso. Minha relação com a Lapa vem destes primeiros eventos com a Festa Soul, com o inicio do Movimento Hip Hop, com os bailes Charmes. Sou um dos fundadores da Boate Six, na Rua das Marrecas e tenho uma ligação muito grande com a Lapa e outros pontos de entretimento, mas a Lapa merece mais que isso por ser muito mais que um ponto de entretenimento.

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